Olá Vivian!!! Tudo bem?
Hoje eu escreverei para você uma pequena história que escrevi ontem de madrugada, no meu trabalho. Pode ser um pouco boba, mas espero que goste, pois é uma espécie de presente meu, de aniversário para você.
O milésimo Tsuru
Aquele era o grande dia... Não era eu a atração da festa, tampouco teria eu alguma participação expressiva que viesse a ser razão para tal nervosismo, mas o fato é que a novidade que pairava sobre tudo aquilo me deixava inquieto.
Meu melhor amigo da época fora a causa por eu estar ali naquele momento tão solene e único.
Era como uma viagem tantas vezes planejada, uma vontade tão profundamente no peito guardada... agora eu estava ali, era só aguardar, ou fugir o mais depressa possível...
Terrível é a lembrança da timidez!
Lembro de ter sorrido para ela, ou não? Eu quis fazê-lo, mas não o fiz?
Por que não falei algo mais que "parabéns!" ?
Eu poderia dizer tantas coisas: "Poxa, você está linda! Parabéns! Que Deus os abençoe muito, sempre!"
Mas o que se diz em um momento como esse? Ainda mais sendo essa a primeira vez que eu olhava aqueles olhos - como eu nunca esqueci aqueles olhos! - ou era o olhar? Não sei dizer...
Eu muito pouco lembro daquele início de noite: Eu não lembro o que vesti; se eu comi ou bebi, o que eu comi ou bebi; o que conversamos, meu amigo e eu; enfim, eu lembro sim, dos olhos, do olhar... e do pequeno sorriso dela.
Anos depois eu aprendi que a memória pode nos pregar peças, pois quanto mais longínqua é a lembrança, maior pode ser a invenção por parte de nosso cérebro, na tentativa de reconstruir uma recordação que nos agrada - o mesmo vale para nos ajudar a esquecer nossas memórias desagradáveis.
Muita coisa eu esqueci daquele dia, mas, sim, eu posso afirmar: aquela festa aconteceu, eu estive lá!
Eu não me lembro como nem quando conheci a lenda japonesa dos mil Tsurus, recordo apenas que mais tarde, naquela noite, comecei a pensar que, de algum modo, muito daquilo poderia ser real, de novo... Por vezes eu me pego perguntando apenas, quantos daqueles origamis eu já fiz, e quantos ainda faltam até eu ver, pessoalmente, aqueles olhos mais uma vez?
M.W.B.