sábado, 4 de junho de 2016

Lágrimas......



As lágrimas não cessavam.
E a cada milésimo de segundo seu desespero aumentava.
Ela correu, entrou no banheiro e bateu a porta com força.
Encostou suas costas na porta e foi deixando seu corpo escorregar até o chão.
Ficou sentada, abraçando seus joelhos numa posição fetal.
Não conseguia firmar seus pensamento em nada.
Tudo em sua mente era uma bagunça, um aglomerado, um turbilhão.
Seu estômago se contorcia de náuseas.
Ela nem se deu conta quanto tempo passou ali sentada no chão.
Poderia ter sido segundos, minutos ou horas.
Tentou se levantar e suas pernas não a obedeciam.
Se apoiando na pia e com muita dificuldade ficou em pé.
Quando olhou no espelho não se reconheceu.
"Quem era aquela menina me olhando???"
A maquiagem estava borrada.
Os cabelos emaranhados.
E os olhos mais tristes que ela já vira em toda sua vida.
O desespero dessa vez veio com força.
Como se uma enorme mão agarrasse seu coração e o apertasse até que ele se desfizesse e escorresse por entre os dedos.
As lágrimas desciam sem dó.
A vontade de gritar subiu a garganta, mas novamente reprimiu.
Ela entrou na banheira, de roupa e sapato.
Sentou e deixou que a água fria caísse em sua cabeça.
Novamente perdeu a noção do tempo.
Seus olhos fixos em apenas um objeto.
Seu coração acelerado e naquele instante teve certeza.
Levantou-se e pegou o objeto.
Sentou novamente dentro da banheira.
Inspirou profundamente.
Com força e de uma só vez, passou a lâmina  em seu pulso, cortando ao meio a linda tatuagem que tinha ali e que tanto significado tinha pra ela.
Ficou observando o vermelho do seu sangue manchando suas roupas e se misturando com a água fria que ia para o ralo.
Aos poucos sua respiração foi ficando mais calma.
Aquele desespero avassalador foi diminuindo.
Seus olhos não desviaram nem por um segundo do seu pulso cortado.
Por alguns segundos sentiu a tranquilidade que a muito não sentia.
Ela fechou os olhos e em seus lábios brotou um último sorriso.
Nada mais doia.