quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

E o grande dia chegou...


O despertador tocou, era a primeira vez que eu me sentia feliz por ser acordada por ele, abri meus olhos, olhei para o lado e minha querida gatinha estava ali, ao meu lado como sempre, com seus lindos olhos verdes me olhando como se me desejasse "bom dia."
Fiz um carinho nela, ela me fez um carinho.
Levantei da cama, abri a cortina da janela do meu quarto, sim.... Aquele era o dia mais lindo do ano, o sol estava brilhando com toda sua grandeza, nenhuma nuvem  no céu. Olhei pro lago, os raios solares refletiam nas águas e me fizeram sorrir, como todos os outros dias. Vi meus cachorros correndo e brincando, quando  me viram me saudaram com vários latidos e rabinhos balançando. Admirei a paisagem matinal, respirei fundo, passei a mão pelos cabelos, respirei fundo novamente, me virei em direção à porta do quarto, coloquei a mão na maçaneta, virei-a, a porta se abriu, coloquei o pé direito para fora do quarto, agora sim, o dia começou de verdade.
Conseguia ouvir da porta do meu quarto a grande movimentação no andar de baixo, eram sons de vozes conversando, passos apressados, talheres, pratos e copos. E no meio de todos esses sons, um som se destacava, era uma linda voz, o som doce daquela voz que eu conhecia tão bem, aquela voz que embalava meu sono, que cuidava de mim, que me contava histórias, aquela voz que sempre teve as palavras certas no momento certo pra me confortar, aquela voz que eu conhecia e tanto amava, era a voz de minha mãe. No final das contas o dia era meu, mas era dela.
Desci as escadas lentamente, como se quisesse eternizar cada segundo, absorver todos os detalhes, como se eu não conhecesse aqueles degraus, passei minha vida toda naquela casa, conhecia os lugares exatos que o assoalho rangia quando pisado. Algumas vezes evitava esses lugares, principalmente quando queria fugir de casa às escondidas. Mas hoje não, hoje não precisava fazer mais nada às escondidas, hoje eu queria escutar o assoalho ranger, segurei no corrimão da escada e desci.
Cheguei ao pé da escada, estava tudo igual mas estava tudo diferente. 
Logo que cheguei ao salão principal a primeira a me ver foi ela, minha mãe, veio correndo ao meu encontro com aquele sorriso lindo. Me abraçou forte como sempre, mas hoje era um abraço diferente. Segurou meu rosto entre suas mãos, olhou nos meus olhos, seus olhos brilhavam, talvez até mais que os meus e me disse:
- Bom dia, minha filha.
  Enfim, o grande dia chegou.
Nesse pouco tempo, minha melhor amiga se aproximou, ela que cuidou de mim desde que nasci, ela que fez o parto da minha mãe, ela que me amamentou quando o leite da minha mãe secou de tanto chorar a morte do gêmeo. Ela era uma mãe pra mim, mãe e amiga, seu nome era Laura.
Laura era a bondade em pessoa, não conseguiria imaginar não ter tido ela na minha vida. Laura me olhou e sorriu, esperou minha mãe dar espaço e veio me abraçar também, um abraço apertado e silencioso, não precisávamos dizer uma única palavra, eu sabia o que ela estava pensando. Me segurando pela mão, Laura me acompanhou até o banheiro e ainda em silêncio começou a colocar água na banheira, enquanto eu tirava minha roupa. Aquela água quentinha era um convite pra   um banho longo e relaxante. Entrei na banheira, sentei-me e fiquei ali, sentindo a  água, olhando tudo ao redor, a pia com aquela saboneteira dourada, o espelho com sua moldura toda trabalhada. Olhei pra Laura vindo em minha direção com as toalhas e o sabonete. Primeiro começou a jogar água em minhas costas, eu sentia aquela água escorrendo como se fosse uma massagem, depois foram meus cabelos que receberam aquela água quentinha, o shampoo e as mãos de Laura. Ela me ajudou com o banho e em momento algum trocamos alguma palavra. Terminei o banho, coloquei o roupão e voltamos ao meu quarto, agora todo arrumado e cheiroso, aquele perfume de lírios. 
Olhei em cima da cama......
Ele estava ali.....
delicadamente estendido sobre a cama, 
ele estava ali.....
Meu lindo vestido de noiva.
Durante toda minha vida eu havia sonhado com esse dia, principalmente com meu vestido de noiva. Ele era lindo, perfeito, de um branco impecável. Ele era todo rendado e bordado, mangas longas, cintura fina e várias camadas de saia por cima                       de uma anágua, a cauda com bordado de flores, arrastava pelo chão.
Olhava para o vestido estendido na cama e ainda não conseguia acreditar que o grande dia havia chegado. Foram tantos planos, tantos sonhos. e o melhor, eu o amava muito.            
Nós nos conhecíamos desde criança, nossa família eram muita amigas, eles haviam   nos prometidos um ao outro quando nasci, mas não houve a necessidade do casamento combinado, nós nos amávamos desde sempre. Ele sempre me protegeu, cuidou de mim, da época de infância até os dias de hoje, eu sempre soube que   poderia contar com ele. O amor nasceu da forma mais natural possível e hoje seria o  dia que eu iria me unir a ele em matrimônio. Não poderia estar mais feliz.
As horas foram passando e Laura, pacientemente escovava e arrumava meus cabelos. Ela havia feito uma trança lateral, colocado algumas flores brancas, rosas e um único lírio nas pontas. 
Começou a maquiar meu rosto, eu olhava no espelho a minha frente, me enxergava mas não me via, parecia um sonho. Minha maquiagem estava linda, delicada e romântica assim como eu. 
O sol já estava mais para o oeste, logo ele iria se pôr, era hora de colocar o vestido.
Laura me ajudou a colocar o vestido, abotoou os botões, e quando terminou o último   botão, segurou minhas mãos e não conteve as lágrimas, um choro sentido de  felicidade. 
Eu estava pronta.
Os convidados já estavam chegando.
Lá fora o jardim estava todo enfeitado, tudo estava pronto. Cadeiras brancas alinhadas, grandes vasos de flores e bem no centro um tapete branco.
Me olhei no espelho novamente.
As cadeiras já estavam todas ocupadas, o noivo já me esperava. 
Até aquele momento não havia visto meu pai. Até que escuto batidas firmes na porta, quando Laura abriu, era ele, meu pai. Estava lindo como nunca havia visto. Quando ele me viu seus olhos se iluminaram. E de braços dados com ele fomos andando até o jardim.   
Quando cheguei no começo do tapete, todos se levantaram e me olharam, mas eu só   tinha olhos para ele, Henrique. Não enxerguei mais ninguém, meu coração acelerou, minhas mãos começaram a suar. Henrique estava lindo, parecendo um príncipe em seu terno. Fui caminhado em direção a ele, com o sorriso mais sincero estampado em meu rosto. Chegamos próximos, meu pai beijou-me a testa e entregou-me a ele. Dei os braços a ele e caminhamos juntos até o altar. Durante a cerimônia não conseguia pensar em nada.
Quando a cerimônia terminou, dei os braços a Henrique. Caminhamos pelo tapete branco que antes eu havia andado de braços dados com meu pai e que agora andava de braços dados com o homem que eu amava, aquele que me acompanharia por todos os dias da minha vida. Olhei para ele, ele me olhou, sorrimos, ele apertou minha mão, e com aquele simples gesto tive a certeza.....
Era ao lado dele o meu lugar.





2 comentários:

  1. Tão singelo, romântico, de uma beleza simples e intensa... Parabéns amiga corujinha :)

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    1. Obrigadinha, sua opinião é muito importante, amiga corujinha.... Rsssss

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